A filosofia da yoga propõe a conquista de uma vida plena e diz que somos a chave da sabedoria
Reportagem: Marcia Bindo - Edição: Amanda Zacarkim
Edição 0008
A yoga é uma filosofia de vida
Foto: Claudio Elisabetsky
Foto: Claudio Elisabetsky
Tomando-se o yoga como um caminho para a iluminação, pode-se dizer que nele seguimos do mundo material para o mais abstrato, ou seja, partimos dos aspectos mais densos, que se expressam no corpo e no comportamento terreno, para os aspectos mais sutis, os mesmos que podem ser alcançados por meio de meditação. A meta final do yoga é alcançar a transcendência, a percepção de que nosso corpo e todas as coisas são manifestações transitórias de uma consciência maior.
Qual é o yoga ideal?
Não há como responder objetivamente a essa pergunta. Há linhas de yoga que exigem mais do corpo, algumas que lançam mão de práticas meditativas, outras nas quais se canta e se tocam instrumentos e assim por diante, aspectos diferentes que poderiam, aqui ou ali, inspirar ou não nosso interesse. Mas a verdade é que, para encontrar o yoga ideal, o único caminho é o da experiência prática.
O corpo é ferramenta
A prática conhecida como hatha yoga, que usa o corpo como ferramenta para libertação dos condicionamentos da mente, foi a que mais se popularizou no Ocidente.
Em geral, as pessoas pensam que hatha yoga é uma ginástica, ignorando seus fundamentos. Para começar, temos uma relação com o corpo bem diferente dos orientais. Costumamos perceber o corpo por fora, associando saúde à aparência física. Já a tradição oriental vê o corpo como um recipiente de força vital, no qual evidentemente circula energia.
Nas aulas de hatha yoga (assim como em todas as outras escolas de yoga) a intenção é equilibrar o fluxo de energia do organismo e voltar a percepção para o nosso interior. Isso difere e distancia o yoga de outras práticas corporais, em que a atenção é estimulada a voltar-se para objetos e acontecimentos externos.
Yoga é religião?
O yoga pode ser entendido como religião quando é definido como um processo de religação do homem com sua essência, ou ainda como um sistema de transmissão de conhecimentos e códigos de comportamento. Mas não é religião no significado mais comum do termo, pois sua prática não depende de nenhuma crença particular, além daquela que considera possível o aperfeiçoamento do ser humano através do autoconhecimento.
O preceito da meditação
Os Yoga Sutras de Patanjali definem yoga como um estágio em que acontece a inibição das flutuações da consciência, e no qual o praticante encontra a sua própria essência. Mas como isso acontece? A explicação espiritual diz que a mente é como um lago com muitas ondulações (os pensamentos), e que não conseguimos enxergar o que há no fundo.
Mas, quando o lago está sem turbulências, conseguimos ver o que há dentro dele. O caminho para se chegar a essa percepção seria praticar meditação - um dos oito preceitos do yoga.
De acordo com Marcos Rojo, professor de yoga da Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do curso de pós-graduação em yoga das Faculdades Metropolitanas Unidas (FMU, São Paulo), a prática da meditação pode trazer um efeito calmante que se reflete em nossas atitudes na vida. "No cotidiano, o tempo inteiro respondemos às ações de acordo com padrões inconscientes, e de forma emocional, de como estamos no momento", diz Rojo. "O yoga mostra que nossas respostas emocionais são educáveis, modificáveis. Tranqüilizando o corpo e nosso fluxo de pensamentos, ficamos mais calmos e transmitimos serenidade ao nosso redor".
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