quarta-feira, 22 de abril de 2015

O corpo de quem pratica yoga: rejeitando as imagens idealizadas pela sociedade


V.K. Harber Favoritar 
Yogini, contemplativa, escritora. Produtora do programa de rádio “Radical Spirituality and Sacred Activism”. Diretora espiritual da Hab Washington.
E-mail

Publicado: 17/04/2015 19:26 BRT Atualizado: 21/04/2015 14:30 BRT
O yoga me salvou, muito literalmente. Durante muito tempo a esteira de yoga foi o único lugar onde eu me sentia não apenas viva, mas também disposta a fazer o que era preciso para continuar vivendo. À medida que meu corpo foi se fortalecendo e minha mente foi clareando, pude, pela primeira vez na vida, ouvir o murmúrio de uma vocação da qual eu não tinha me dado conta antes. Percebi que eu precisava compartilhar o poder curador do yoga com outras pessoas como eu. Então estudei, treinei e comecei a seguir aquele chamado.
omei consciência de todo o espectro de pessoas que podem beneficiar-se do yoga muito antes de ter aberto meu próprio estúdio e antes de vivenciar a profunda transformação física da gravidez e do parto. Um dia, quando estava praticando em um estúdio em Tacoma, Washington, olhei à minha volta, e o que me chamou a atenção foi a diversidade de formas e tipos corporais das pessoas ali presentes, todas fazendo a mesma postura mas todas totalmente diferentes umas das outras. De cerca de 30 pessoas no recinto, apenas duas se pareciam um pouco com os yogis e as yoginis que são vistos com frequência nas capas de revistas sobre yoga (eu não era uma delas). 
Isso não quer dizer que apenas duas pessoas naquela sala eram belas. Pelo contrário, na realidade. Cada pessoa que estava ali era bonita à sua maneira, e, o que era mais importante, apresentava um brilho devido à prática coletiva do yoga.
Quando fui me firmando em minha carreira de professora de yoga e comecei a especializar meu ensino, voltando-o a pessoas com habilidades físicas, emocionais e mentais diversas, notei como o praticante mediano de yoga é pouco representado na grande mídia e também na mídia do setor do yoga.
Comecei a ensinar cinco grupos principais de pessoas:
*Pessoas com TEPT (transtorno do estresse pós-traumático) e outras doenças relacionadas ao estresse (especificamente, veteranos de guerra, dependentes de drogas ou álcool e sobreviventes de traumas sexuais).
*Pessoas que sofriam de atrasos diversos de desenvolvimento, incluindo a síndrome de Down, autismo e graus diversos de RM (retardo mental)
*Pessoas da terceira idade, algumas delas em ótima forma física e algumas confinadas em cadeiras de roda
*Pessoas de todas as idades com desordens neurológicas, como esclerose múltipla
*Pessoas que se recuperam de lesões.
Dentro de cada um desses grupos havia grandes variações em termos de habilidade, e também havia muita sobreposição entre grupos. Ao mesmo tempo eu também estava ensinando pessoas "normais", e a mesma coisa se aplicava a esse grupo. Muitas das pessoas de minhas turmas de yoga "normais" poderiam facilmente estar em uma das turmas especializadas. O elemento comum aos membros de todos os grupos, não importa qual fosse sua habilidade física ou mental, era a certeza de não serem representativos do yogi ou da yogini típicos. Quanto mais eu ensinei e pratiquei, mais fui percebendo que a percepção que a sociedade tem do yogi mediano não corresponde à realidade, de maneira alguma. Há milhares de pessoas que praticam yoga sempre e têm problemas nos joelhos, cicatrizes de cesáreas, braços flácidos e pele imperfeita.
Na nossa cultura, atribuímos valor enorme à aparência aparentemente perfeita. Mas, como todos sabemos, esse ideal é irrealista e inatingível para a maioria de nós. Então como se explica que, assim que é mencionada a palavra "yoga", a primeira imagem que nos vem à cabeça (também à cabeça de quem pratica yoga regularmente) é de uma mulher magra, flexível, bela e geralmente branca? Como foi que o yoga, que em sua essência implica no reconhecimento da natureza compartilhada de todas as coisas, caiu vítima da obsessão de perfeição da sociedade?
As respostas a essas perguntas são muito longas e complexas, e existem outros muito mais bem qualificados que eu para respondê-las. Mas, como professora de yoga com mais de mil horas de experiência ensinando yoga a uma gama muito grande de pessoas, acredito ter algo a dizer sobre os efeitos que essa representação equivocada exerce sobre o praticante comum de yoga.
Quando eu e Pamela Higley fundamos em Tacoma o estúdio sem fins lucrativos Samdhana-Karana Yoga, nosso desejo era criar um espaço onde todos se sentissem à vontade conhecendo e praticando o yoga. Queríamos um espaço curador, livre de expectativas e pressões. Pamela e eu somos bons exemplos do tipo de pessoas que queríamos deixar à vontade. Nenhuma de nós usa tamanho 34 (nem 36 ou 38). Nós duas temos algumas lesões que ocasionalmente limitam nossa mobilidade. Pamela é veterana do Exército americano e recebeu o diagnóstico de esclerose múltipla quando tinha 20 e poucos anos. Eu, com a mesma idade, recebi o diagnóstico de TEPT.
Quando abrimos o estúdio, Pamela tinha tido e amamentado dois filhos. Desde então, eu também dei à luz a dois filhos e os amamentei. Em outras palavras, somos duas mulheres muito comuns, com estrias, seios muito bem usados e histórias pessoais de perdas, dores e vitórias.
A missão do Samdhana-Karana Yoga é tornar o yoga acessível a pessoas de todos os níveis de renda e capacidade física. Quando abrimos o estúdio, em 15 de setembro de 2010, ficamos emocionadíssimas com o apoio e a recepção que tivemos da comunidade. Nossos alunos comentavam com frequência como estavam satisfeitos por a) poder praticar yoga regularmente, pagando pouco, e b) participar de turmas em que não se sentiam inaptos e inseguros devido ao que consideram ser suas deficiências.
Quero deixar claro: acho que existem muitos estúdios de yoga que acolhem alunos de graus de habilidade diversos. Mas, como professora e estudante, já observei que, por mais que um professor fale aos alunos que devem seguir seu ritmo próprio e que o ponto em que estão em sua prática é exatamente onde devem estar, a tendência a comparar-se e competir com outros alunos é irresistível. Parece que, não importa qual mensagem os alunos recebam de seus professores de yoga, a mensagem da sociedade mais ampla fala mais alto e é interiorizada rapidamente.
Essa mensagem da sociedade promove um ideal de perfeição corporal irrealista e inatingível. É uma mensagem que reforça o sentimento de vergonha e constrangimento das pessoas por seus corpos saudáveis e normais. É uma mensagem graças à qual meninas, especialmente, são programadas desde pequenas a pensar que, para serem aceitas e para que as pessoas gostem delas, elas precisam se adequar aos ideais de beleza amplamente aceitas. O ideal de beleza muitas vezes envolve ser magra e bem-vestida. Dentro desse contexto, não há lugar para as pessoas que não se enquadram nesse ideal. Infelizmente, esse é o caso da maioria de nós.
Essas expectativas irrealistas, somadas ao desejo insaciável de alcançar o inalcançável, leva à baixa autoestima, depressão e às pessoas passarem a vida sentindo que não são "boas o suficiente". Os americanos consomem cosméticos, produtos para os cabelos e procedimentos cirúrgicos em ritmo alarmante. Gastam-se US$38 bilhões por ano com cosméticos nos Estados Unidos. Bilhões! Um dado igualmente alarmante: o montante estimado gasto com produtos de yoga chega a US$27 bilhões. Isso impõe uma pergunta: estará o yoga se tornando parte do problema, em vez da solução? O yoga está se convertendo em mais uma coisa a ser consumida no esforço das pessoas para se enquadrarem, para ser belas e encontrar aceitação? Se sim, quantas pessoas - como eu - que precisam desesperadamente da cura que o yoga pode oferecer sentem que o yoga se tornou inacessível a elas?
Sendo eu uma pessoa tão vulnerável quanto qualquer outra às expectativas da sociedade, sinto-me na obrigação de dizer às pessoas o que constato diariamente: o yoga é para todos. Admiro Dharma Mittra há anos e, como muitos estudantes e professores de yoga, já passei muitas horas estudando e admirando seu famoso "Master Yoga Chart" de 908 posturas. Seus anos de prática dedicada, e os resultados desses anos, são uma inspiração para todos nós. Há alguns anos tenho a ideia de que eu gostaria de recriar o "Dharma Mittra Master Yoga Chart", usando fotos de yogis de todas as formas, os tamanhos e as habilidades. Quero mostras yogis altos, baixos, gordos, magros, belos, engraçados, de barba feita ou não, tatuados, yogis em boa forma física e outros que apresentam deficiências físicas. Yogis com cicatrizes, marcas de nascença, estrias, celulites e gordura nos quadris. Yogis com suas histórias próprias, seus traumas, suas perdas e seus triunfos. Yogis que estão luzindo, confiantes e vulneráveis. Minha ideia ainda não se concretizou, mas não sou a única que está pensando em algo do tipo. Existem projetos como o Yoga & Body Image Coalition e livros como este que estão tentando mudar a mensagem, para transmitir a de que o yoga é para todas as pessoas, para todos os corpos.
A intenção de Dharma Mittra nunca foi definir um padrão de como deve ser a aparência do corpo de um yogi ou do que o yogi deve ser capaz de fazer. Não - seu verdadeiro legado é o da devoção à prática do yoga. Nem todos podemos dedicar nossa vida ao yoga, como ele fez, mas todos podemos fazer cada postura de yoga do melhor modo que conseguimos. Nem todas as pessoas que se dedicam a essa prática vão desenvolver as habilidades físicas de Dharma Mittra, mas cada pessoa dedicada à sua prática pode conquistar algo muito mais valioso: aceitar e possivelmente até amar quem ela é, por dentro e por fora.
Este artigo foi originalmente publicado pelo HuffPost US e traduzido do inglês.

terça-feira, 21 de abril de 2015

The Yoga way with Sri Sri

21 April, 7:30 pm IST: Live webcast - The Yoga way with Sri Sri
You can also listen to talk in the following languages:
Russian 
Spanish


Sri Sri: If there is a competition for God today in the world, I would say that it is stress. Stress has become almost synonymous to God - it is omnipresent. Today, you can find stress everywhere.

What really is stress?
Stress is when you have too much to do, too little time, and no energy.

How to get rid of stress? 
* By reducing the workload - This does not appear to be a possibility these days. 
* By increasing the time - This is which we cannot do. It is fixed, unless we go to another planet.
* By increasing the energy level within us - And this is the only option we are left with. 
When we have enough energy and enthusiasm, we are able to handle any challenge. 

One aspect of the yoga way is to provide us tools and techniques to lead a stress-free and tension-free life. On the other hand, yoga is also the greatest wealth of humankind, I would say. 
What is wealth?
Wealth is that which brings us comfort. The purpose of wealth is to bring happiness and comfort. 
If wealth doesn't succeed in achieving this goal of bringing comfort to human psyche and human life, I wouldn’t call it wealth. Yoga is wealth, in the sense that it brings absolute comfort. 

A violence-free society, disease-free body, confusion-free mind, inhibition-free intellect, trauma-free memory, and a sorrow-free soul is the birthright of every individual. And the parliaments world over are striving to achieve this goal of human existence - that is happiness! Isn’t it? We all want happiness for our people. And yoga is a way for that much needed happiness factor in life. 

We think yoga is some sort of exercise. In the '80s and '90s, when I would tour Europe, yoga was not a subject or thing of mainstream society. Yoga was considered to be a very hard exercise, standing on nails or on one leg. The whole concept of yoga was very weird. Today, I am glad that there is an awakening and people have recognized the importance of yoga. World over, yoga has become synonymous with relaxation, happiness or a creative mind. Even big companies in their advertisements put people sitting in a yoga position or in meditation pose to depict the inner peace one has. This is a very welcome move. 
I would like to remind you that whether we like it or not, we are all born yogis. You do not need a yoga teacher if you observe a baby. Any baby in the world, from the age of 3 months to the age of 3 years, a baby does all the yoga postures. The breathing, the way they sleep, the way they smile, everything is yoga. Baby is a yoga teacher. See a baby as a yogi. That is how a baby is stress free. There is happiness. A baby smiles 400 times in a day.
The purpose of yoga is to put a smile on you in spite of all the stress, tensions, and situations we are putting (up with) in our day-to-day life. 

The benefits of yoga are multi-fold.
1. Health benefits
2. Changes the behavior of a person because behavior depends on the stress level in a person. It creates a friendly disposition and a very pleasant atmosphere in people.
We convey a lot through our presence, our vibes. Yoga helps to improve our vibes. More than words, we convey through our presence, our vibrations.
I would like to give an example. You can notice a clear difference when someone close to you says, "Have a nice day!" And an airhostess greeting you, "Have a nice day!" When you get off the plane, the air hostess greets you, "Have a nice day!" They really do not mean it. But the same words, when it comes to you from a kith, kin, or a close friend, it carries certain vibes. 

Speaking in terms of Quantum Physics, we are all emitting vibes or wavelengths. When communication breaks down, we often say 'Our wavelengths don't match.' Because our ability to communicate depends on our ability to receive communication from others. Here, yoga helps us to have that clear mind. 

Another issue that we face in society today is prejudice. All types of prejudice: prejudice with religion, race, class, gender, educational status, financial status. All these different types of prejudice has clogged the mind of men and that's how conflicts arise in society. Yoga helps us to reach out and resolve this conflict created by prejudice. It spontaneously and naturally makes our mind free from prejudice.
I would like to share an incident that happened a few years ago in Ivory Coast. There was polarization between two villages. People of two different religions chased out the (people from) other religion from their town. Just one of our volunteer, went and talked to them, taught them a little relaxation, meditation, and brought the people from both villages together to shake hands. And you would see and you have also seen some of the experiences, how they could break that barrier or the prejudice in the mind and shake hands with people who are different than us. I think this is very much needed in the world today.

Now, coming to the aspect of developing skills within oneself. The propounder of yoga has said, Yogaha Karmasu Kaushalam. In Gita, Lord Krishna has said, ‘Yoga is skill in action.’ Yoga is not just an exercise, it is how skillfully you can communicate and how skillfully you can act in any given situation. This is again yoga. And I don't think any one here would say, we don’t want skills. I don’t think anyone here would say, we don’t want innovation. Innovation, intuition, skills, and better communication: all these are side-effects of yoga. I wouldn't even say they are the main effects. They are the side-effects. These things come to us, naturally.

Having said that, does yoga conflict with any of our belief system? I believe in a particular religion, or particular philosophy, or I follow a particular political thought line. Does it conflict?
I would say, not at all. Yoga always promotes harmony in diversity. It encourages diversity. The word yoga itself means uniting; uniting all diverse aspects of existence, of life. Now, whether someone is a businessman or a public figure or a private individual, we want peace, we want to smile, we want to be happy. And this happiness can only happen when we look into the root cause of unhappiness. 
Unhappiness is due to:
lack of vision
stress
tension

Again, European Union, you have been talking a lot about GDH. I suppose from GDP, we are moving towards Gross Domestic Happiness (GDH). Here is something that can aid that. It can be a very very useful tool. A large percentage of our population today is suffering from depression. Just popping a Prozac or anti-depressants will not help. We need something that is natural, as natural as our breath, that we can use and elevate our spirit and feel that much needed happiness. The pursuit of happiness that everybody is after. 
When we are happy, what is our experience? When you are happy, what is it that you feel? Have you noticed a sense of expansion within you? Suppose you are complemented or you accomplished something that you wanted to accomplish, you will find that there is something in you that is expanding. At the same time, when we face failure or someone insults us, we find that something in us that shrinks. So, yoga is putting our attention on this something in us that seems to be expanding when we are happy and crushing or contracting when we feel unhappy.

Often, we feel helpless about our negative emotions. Neither in school, nor at home does anyone teach us about how to handle our negative emotions. If you are upset, you remain upset or wait for time to heal it. Yoga has a secret to turn this state of mind. It makes you so independent. It empowers you to feel the way you want to feel at any time, instead of being a victim of your own feelings. In our experience of teaching in prisons around the world, with half a million people, this is what we have found: every culprit says he is a victim of something. When we heal the victim in him, the culprit disappears. And breath, as simple as breath, can do this job for us. We just need to learn how to breathe in different rhythms, different patterns, and eliminate those traumas, those strong impressions in the mind or the pain, suffering that we have been carrying in our heart. 

Again, Patanjali, the propounder of yoga, he enunciated the purpose of yoga, “Heyam Dukham Anagatham.” The purpose of yoga is to stop the misery before it comes. On many counts, this is very useful. When a conflict is boiling somewhere, ask people to breathe, sit together and communicate better, you will find that you can resolve the conflict right at the root cause of it. Whether it is greed, anger, jealousy, hatred, or frustration, all these negative emotions can be healed or re-oriented through yoga. And this is my experience throughout the world. 

Yoga also helps someone to be more responsible, to take more responsibility in life. This is called Karma Yoga. A Karma Yogi is one who takes responsibility. We all play many roles in our life. We have an option to play the role either as a yogi or as a non-yogi; one who is responsible or one who is not-so-responsible. You can have a responsible teacher, a doctor with responsibility, a businessman who cares. Caring, sharing, and responsibility are the characters that yoga simply nurtures in us. We all have this inside us. The entire population has this in us, but it needs some nurturing. Yoga is one of the best tool to nurture an individual to take responsibility.

Q: Namaskar! I have a very simple question for you. Is it possible to synchronize left and right sides of the brain? And is it possible to train oneself to balance the logic and music?
Sri Sri: Definitely, that is why we have two nostrils. Nature has provided us two nostrils. When you alternate your breathing and the breathing corresponds to the left and right hemispheres of the brain as well. Definitely, it is possible. 

Q: Do you think people in this room would make better decisions if they had a yoga class every morning?
Sri Sri: I think that is the first right decision.

Q: Which are the qualities that yoga can help you develop in order to become a more responsible person towards yourself and the others?
Sri Sri: I just explained it. Yoga can definitely make you more responsible. Because it creates more energy and enthusiasm in you. When you do not like to take responsibility, when you are tired and stressed. Right? If you have taken care of these two issues and you have enough enthusiasm and energy, you will definitely take more responsibility. And responsibility with a sense of lightness. 

Q: How many hours of meditation a day do you need to achieve practical results?
Sri Sri: I would say about 30 to 40 minutes in the morning including exercise, breathing technique, and meditation should do.



Q: When a child is between 3-months and 3-years, he is not conditioned by any societal systems because he is natural. How do we get rid of conditioning? 
Sri Sri: When you go to the root cause of conflicts, you will find that it is stress, mistrust, and fear of the other. And yoga (helps you to) get over all the three. Fear of the other vanishes, because you have broadened awareness, broadened consciousness. You feel everyone is part of you and you are part of them. Fear of losing one’s identity or fear of losing existence, being extinct, is something that is very deep-rooted. Yoga, I feel, is the best thing to remove these fears from the minds of people.

Q: My yoga teacher told me that things that happen to you always reflect your inner state or condition. My question is can you transmit the same philosophy to the level of a group? Things that are happening to certain countries would reflect what’s inside of them?
Sri Sri: Yes. We reflect the society and society reflects what we are. In a broader sense, yes. But when the tension is building up, the group fear begins there. And mob psychology is very much compared to an individual reflection of what people are feeling. I am sure that could be addressed through right education.

Q: What is yoga? Is it a meditation? Is it different postures of the body? If that is so, what are the scientific linkages between those things and what happens inside which leads to such dynamic effects in the form of resolution of conflict and giving us peace of mind?
Sri Sri: First, I would like to refute your first statement that you have never done yoga in your whole life. You have done as a baby, but you don’t know it. Not a single child on this planet has come up without doing yoga. Babies, when they sleep, they will put the Chin Mudra while sleeping. In any part of the world you see, when babies are lying down they lift their legs first, and then they go on their belly and try to lift their shoulders. So, they do the Bow Pose, and then they try to hold the toe. So, asanas to some extent every child has done on this planet. And then coming to the breathing pattern. The way we breathe is different from the way a baby breathes. A baby has a stress-free mind, a happy mind. So, all the science of yoga is already there in a baby. We have all been yogis. We are all going back to our roots. 
Yoga has eight-folds; there are eight steps to it. One among that is physical postures also. But, mainly maintaining the equanimous state of mind is the center core. Samatvam yoga uchayate, yoga brings equilibrium in mind. What you can do with mindfulness, any action that you are performing at the same time you are aware of what you are saying, what you are doing, makes you a yogi.
See, science is a systematic, logical understanding of what is. In the sense yoga is a science, that it is a systematic understanding of the subject. Knowing ‘What this is’ is science. Knowing ‘Who am I’ is spirituality. But, both are science. 

Q: The whole commercialization of yoga is helping to lose its original purpose, which is spirituality.
Sri Sri: Commercialization is to do with people and not to do with yoga. Wherever there are people and there are arrangements to be done, commerce becomes a part of it. But if yoga is denied to people because they do not have money, I would say that is wrong. 

Q: Nowadays, the schools of yoga have subscriptions that are overpriced.
Sri Sri: Yoga is better taken as a mission and not as a profession. Some people take to yoga as a mission to bring happiness to people. Some others take it as a profession. When they have taken it as a profession, it already has a commercial aspect to it. People take it as a profession because it is the need of the hour. 

Q: Guruji, you have been teaching for many years. Do you think you are a very different person now as compared to when you started?
Sri Sri: A part of me is the same throughout. I have not changed. f you ask me on the other count, have your activities expanded? I would say, yes. There are many challenges. Now, I am ready to take many more challenges. In that sense, yes. The answer to this question would be yes and no. 

Q: Which sutras of Patanjali you consider the most important in your practice?
Sri Sri: The very first sutra of Patanjali, ‘Yogah Chittah Vritti Nirodaha, Tada Drishta Swarupena Awathanam.’ Establishing in the seer is yoga. Getting back from the scenery to the seer is yoga.

Q: I have never practised yoga. But I have always been impressed by the relaxed state and spirituality of Gurus and yogis. Speaking as a Catholic, what do you say to those leaders of monotheistic religions, senior clerics in my own faith that say that yoga has its origin in Hinduism and Pantheism and focused entirely on the physical aspect of the body can undermine Christian prayer. Therefore, it is not necessarily the right approach to spirituality for Christians. Is being a devout Christian compatible with the practice of yoga? 
Sri Sri: By eating Chinese food, we do not become Chinese. Listening to Beethoven, does not turn you into a German. When we can accept food from every part of the world, music from every part of the world, technology from every part of the world, why to single out wisdom or technology that can bring you inner peace, without interfering your own faith or belief system? This is my question. No doubt, yoga has its root in Hinduism. Actually, Hinduism is a way of life. Patanjali never talks about so many Gods or pantheism. Patanjali simply says there are body, mind, breath, life-force; attend to this. 
We should welcome wisdom, irrespective of its source, as long as it does not conflict with our traditions.
Now, I would like to lead you through a small exercise desktop yoga and desktop meditation, which you can use in any stressful time, whenever you need. 

*Meditation*

If we take just a little more time, a couple of hours, we can learn a lot many techniques related to our body-mind complex. Simple things which will come in very handy for us when we are facing a lot of stress. As decision makers, when we have to take important decisions, I would say just take that 10 minutes, sit back, relax. Just center yourself and you know you will find some wonder happening inside of us. Our intuition gets triggered with these techniques, and intuition is something that never goes wrong. If it goes wrong, it is not intuition. Thank you! 

quinta-feira, 16 de abril de 2015

Conheça cinco benefícios de beber água em jejum

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     Dois litros de água por dia é o que a maior parte dos nutricionistas e médicos aconselham
    Dois litros de água por dia é o que a maior parte dos nutricionistas e médicos aconselham
A maior parte do organismo humano é formada por água, 75% dos músculos é água, por exemplo. Portanto, é importante consumir uma boa quantidade de água diariamente para manter a saúde. Com a ingestão de água provocamos uma diurese maior, o que favorece a eliminação de toxinas e previne algumas doenças. Os especialistas vão mais longe e insistem na importância do consumo da água em jejum. Mas por que? Segundo o Instituto Europeu de Hidratação, a água é o solvente que permite muitas das reações químicas vitais do organismo, ajudando a manter as funções corporais.
Uma hidratação adequada é importante para o funcionamento correto do cérebro. Quando estamos hidratados adequadamente, as células do cérebro recebem sangue oxigenado e o cérebro permanece alerta.O consumo adequado de água é essencial para o bom funcionamento dos rins, ajudando-os a eliminar através da urina os resíduos e nutrientes desnecessários.A água melhora o trato digestivo, já que é necessária na dissolução dos nutrientes para que estes possam ser absorvidos pelo sangue e transportados para as células.A água também é uma grande aliada da pele, ajudando a manter a elasticidade e a tonicidade.A água também atua como um lubrificante para os músculos e articulações: ajuda a proteger as articulações e também o melhor funcionamento dos músculos.Carmen García Torrent, nutricionista e licenciada em Ciência e Tecnologia dos Alimentos, afirmou que o recomendável é tomar de um a dois copos de água em jejum e, em seguida, continuar bebendo o líquido o resto do dia até chegar aos dois litros.

A nutricionista também afirmou que, depois da ingestão de água, é preciso esperar pelo menos dez minutos antes de fazer alguma refeição para que a água possa atuar sobre o corpo.

Terapia

A prática do consumo de água com o estômago vazio é muito popular no Japão e os japoneses seguem o que se conhece como "Terapia da Água". Apesar de não haver estudos que verifiquem isto, a Associação Médica do Japão afirma que este tratamento é eficaz para várias doenças, entre elas, problemas cardíacos.
Ao acordar, beba quatro copos de água, antes até de escovar os dentes.Não se pode beber mais nada até 45 minutos depois de beber a água.Passado este tempo, a pessoa pode comer e beber normalmente.Até duas horas depois do café da manhã também não se pode comer nem beber nada.A água deve estar na temperatura ambiente ou morna, preferivelmente. E não deve conter flúor ou outros químicos.
Efeitos negativos

A sede é um reflexo da desidratação e, por isso, é aconselhado não esperar sentir sede para beber água.

Mas, segundo a nutricionista Carmen García Torrent, ingerir água em excesso também é prejudicial.

"Beber mais de três litros de água pode ter efeitos negativos para saúde."

"Ao urinar, a pessoa não elimina apenas água, também perde sais minerais. Se beber muita água, faz os rins trabalharem mais sem necessidade", disse.

De qualquer forma, Carmen afirmou que é muito raro que as pessoas cheguem a beber três litros de água por dia, a não ser nos casos em que a pessoa faça muito exercício e o clima esteja muito quente.

terça-feira, 14 de abril de 2015

trocou tudo isso pela meditação


21.05.2012 | Texto: Paulo Lima | Fotos: >Nino Andrés
Nino Andrés
Pedro entre as galinhas da fazenda
Pedro entre as galinhas da fazenda

Ele conheceu de perto “o máximo do que a sociedade chama de glamour”. Herdeiro do grupo Pão de Açúcar, piloto de Fórmula 1, namorado de modelos, amigo de príncipes, personagem fácil das colunas sociais. Há dez anos, entretanto, Pedro Paulo Diniz trocou tudo isso pela meditação, pela vida em família e pelo que promete ser a maior produção de alimentos orgânicos do Brasil e aceitou o convite da Trip para romper o silêncio.

Basta olhar em volta para ver o quanto andamos deslumbrados. A valorização excessiva de fama, velocidade e superexposição, o caráter estupidamente competitivo de tudo, a obsessão doentia pela acumulação de dinheiro na ilusão obtusa de não depender de nada nem ninguém são coisas tristemente associadas pela maioria da população à noção de sucesso. O diabo é que, quando esse quase consenso equivocado da era Big Brother vem à mesa de debates, dificilmente quem o questiona conhece o outro lado de fato.
Senão, vejamos: que filósofo ou pensador herdou parte de um dos maiores grupos empresariais do mundo, tem assento no conselho da maior empresa de varejo da América Latina e patrimônio na casa de alguns bilhões de reais? Se houver algum, teria ele vivido em palácios ao lado de príncipes e supermodelos? OK, então aponte um que tenha guiado um carro de Fórmula 1 durante cinco anos e, não contente, experimentado chocar um deles contra um muro a mais de 250 km/h. Pra finalizar, seu candidato tem estampa suficiente para ser contratado como modelo de uma tradicional marca de relógios suíços, numa campanha publicitária que dividiu com ninguém menos que Audrey Hepburn?
Evidententemente, Pedro Paulo Diniz sempre esteve mais pra Kart que pra Kant, mas digamos que pode falar com propriedade sobre o que é ser, nas palavras dele mesmo, “um playboy Fórmula 1”, uma espécie de arquétipo do mundo movido a celebridades. Bem mais que isso, conquistou o que o mundo do dinheirismo, do consumo, da competição e da fama entende como o topo da montanha.
E quis descer.
Há cerca de dez anos, PPD trocou altas octanagens, rotações por minuto e níveis de aceleração atômicos (de todos os tipos) por um longo e aparentemente definitivo pit stop. Parou de correr e resolveu chegar a algum lugar.
E recuperar o anonimato lhe parecia uma condição essencial.
Antes figura repetida em colunas sociais e revistas de famosos, Pedro literalmente casou e mudou. Com a colega de aulas de ioga Tatiane Floresti (depois de um namoro com algumas idas e vindas enquanto ambos tentavam processar o que estava acontecendo em suas vidas), constituiu família e sumiu dos holofotes dizendo não a todos os convites, propostas e xavecos de quilates variados. Tiveram dois filhos, hoje com 5 e 3 anos, mudaram-se para uma fazenda no interior do estado de São Paulo e juntos puseram-se a prestar atenção nas lições que a natureza ensina todos os dias, mas que nossas vidas tão “espertas, agitadas e produtivas” nos têm feito incapazes de enxergar. Primeiro construíram uma escola para que seus dois filhos e os filhos das famílias que vivem na propriedade pudessem ter educação de boa qualidade, por meio de um mix de técnicas da pedagogia de Rudolf Steiner com outras correntes tão interessantes quanto a própria antroposofia. O segundo passo foi pensar em aproveitar o enorme território para iniciar o plantio e a produção de frutas orgânicas. Logo nos primeiros estudos sobre a tal agricultura orgânica, uma primeira lição: a lógica da interdependência.
Traduzindo, para cultivar frutas sem usar venenos, é preciso pensar nos animais, em matéria orgânica capaz de adubar o solo, na lua e numa porção de outras coisas que formam um círculo perfeito que termina (ou começa, como o leitor preferir) exatamente na qualidade da escola de quem vai colher o morango. A ideia era fincar a primeira estaca de um projeto brasileiro de agricultura orgânica sustentável, perene e de larga escala. O conceito passava por alguns dados tão simples quanto contundentes. No Brasil, apenas cerca de 0,6% dos alimentos vendidos e consumidos são os chamados orgânicos, livres de pesticidas, agrotóxicos e “outros bichos”. Na Europa este número chega a 17%. Por aqui, orgânicos são hoje sinônimo de preços inalcançáveis à maioria da população, basicamente porque a produção é mínima e não há escala. Assim, entendendo que seria necessário buscar muito conhecimento para planejar o que poderá vir a ser a maior produtora de alimentos orgânicos do Brasil, Pedro mergulhou fundo na pesquisa sobre técnicas de rotação de pastos, homeopatia veterinária, fitoterapia, ciclo de vida dos carrapatos, biodiversidade, biodinâmica, agrofloresta e outros conceitos que ainda parecem estranhos e até exóticos à maioria de nós, mas que há anos estão na pauta de países mais avançados, que entendem não só a importância de rever o que ingerimos, mas a economia gigantesca que esse tipo de alimento carrega quando se calculam as despesas com o tratamento das centenas de tipos de câncer e outras doenças causadas pela alimentação envenenada que ingerimos todos os dias. E o número se multiplica indefinidamente se pusermos na conta a possível reversão do quadro de degradação ambiental que as culturas envenenadas e obtusas têm gerado ao longo dos séculos.
A experiência parece estar dando certo. A Fazenda da Toca, marca do projeto que já conta quatro anos de vida, é hoje a maior produtora de leite orgânico do Brasil e uma respeitável produtora de laticínios como queijos e iogurtes, ovos orgânicos e algumas frutas.
Filho de Abilio Diniz uma das mais bem-sucedidas e discutidas figuras do cenário empresarial brasileiro, Pedro Paulo diz que quer transformar o que tem em um bem maior para todo mundo.
As 50 famílias que trabalham no empreendimento estão se acostumando a ver não só as evoluções nítidas na quantidade e diversidade dos animais do ecossistema da fazenda, mas a transformação clara do patrão que, agora sim, parece ter encontrado a linha de chegada.
“Já fui encanado de ter nascido na família Diniz. Hoje, acredito que a gente vem ao mundo e recebe algo. E o que posso fazer é transformar o que tenho em um bem maior para todo mundo”
Quais são suas memórias mais antigas de infância? 
Não tenho tantas recordações de infância. As primeiras são da mudança para a casa na avenida Cidade Jardim, eu tinha uns 3 anos. Eu não queria ficar lá nem a pau, esperneava. Era uma casa enorme, e eu estava acostumado com a casinha que a gente tinha. Eu fui um moleque mais fechado. Não curtia a escola. Foi algo imposto, e eu não me encaixava, tinha dificuldade de aprender. Em coisas que me interessavam, como matemática, uma coisa mais exata, eu até ia bem. Mas português, eu pensava “para quê? Já sei falar, sei escrever...”. Com certeza, uma escola mais construtivista teria me fisgado melhor. Porque eu gostava de inventar. Desmontar as coisas em casa, liquidificador, aspirador, fazia carrinho. Eu tinha bastante criatividade, mas realmente minha relação com a escola era difícil.
Cobravam muito você por isso? 
Em relação à educação, meu pai sempre foi duro. Eu, que não ia bem, passei por várias escolas. Com uns 13 anos, fiquei de recuperação, tinha que passar de ano, fiquei as férias todas trancado no quarto estudando, aquilo pra mim foi um martírio. Ele era muito rígido. Nossa relação só melhorou quando eu fiz 15 anos, depois que ele se separou da minha mãe. Sempre digo que ele não estava bem naquele relacionamento, então também não conseguia estar bem com a gente.
Arquivo Pessoal
Pedro Paulo Diniz
Pedro Paulo Diniz
Seu pai é uma figura muito forte, associada à ideia de dedicação exclusiva ao trabalho, À força de produção. Ao mesmo tempo que é muito admirado, também é criticado por isso. Como é ser filho do Abilio, principalmente quando criança? 
Acho que quando a gente é criança não percebe muito essa coisa, mas meu pai sempre foi uma figura dominadora. Depois, mais adolescente, vai caindo a ficha. Logicamente a gente vivia uma vida que não era normal. Meu pai já tinha bastante dinheiro, então a gente morava numa supercasa, tinha motorista, segurança. Mas meu pai sempre foi bem caxias na educação, de querer dar para a gente uma realidade mais parecida com a de todo mundo.
Um amigo me contou que não tem nenhuma memória dele brincando com o pai, beijando, abraçando. Como era a sua relação com o seu pai? 
Era um outro tipo de afeto, porque talvez ele também não tenha tido isso. Era uma relação um pouco mais fria. Não tinha isso de pegar, abraçar, como eu tenho com meu filho hoje ou como meu pai tem com os filhos mais novos, do último casamento. Acho que era algo da época também, mais formal. Ele foi muito rígido, mas agradeço muito porque ele nos ensinou valores bem legais.
Muitos homens tiveram a iniciação sexual com prostitutas, você também passou por isso? 
Passei. Era normal naquela época. Mas não foi interessante, eu não estava preparado, tinha uns 13 anos. Meu irmão e meus amigos me levaram. Não conversaram, só perguntaram: “E aí, você já fica de pinto duro?”, e me levaram. Eu tinha vergonha de tirar a calça na frente da moça. Mas rolou.
Você tem três irmãos do primeiro casamento do Abilio. a adriana sempre foi mais reservada e nunca trabalhou com a família. Já a Ana Maria é tida como o braço direito do seu pai na empresa. o João paulo também trabalhou no grupo, e sempre foi muito mais forte nos esportes, o que seu pai valoriza. E você, o caçula, vendo isso, se sentia o patinho feio? 
Não é consciente isso, de se sentir patinho feio. Mas, por ser o caçula, acho que peguei uma fase muito ruim do relacionamento dos meus pais, tive um pouco menos de atenção deles. Não tinha tanta competição, porque a diferença de idade é muito grande. A Ana eu até falo que é minha segunda mãe, dez anos mais velha. Quando surgiu a coisa de correr de kart me deu aquela luz.
Como isso apareceu na sua vida? 
Eu sempre fui ligado em motor, desde moleque. Vinha aqui pra fazenda, ficava na motinho o tempo inteiro. Quando tinha 15 anos, um amigo me chamou para dar uma volta de kart em Interlagos. De primeira, vi que levava jeito pra coisa. E pensei: “Pô, que legal, um negócio que eu sei fazer!”. 
Me fez muito bem, aumentou minha autoestima. Meu pai falou: “Melhor você correr na pista do que na Marginal”. E me incentivou, me deu um kart, comecei a correr e mudou minha vida, me encontrei. Eu também era superdesregrado, aí comecei a querer fazer esporte, estar bem fisicamente pra correr. Eu era um moleque sem rumo, e isso me deu um.
Como foi sua carreira no kart? 
Ganhei algumas corridas, segui as categorias, não ganhei nenhum campeonato... Mas dava pra ver que tinha talento. Eu fazia pole pra cacete, mas era um puta porra-louca, batia na corrida. E era esforçado na parte mecânica, gostava de entender como funcionava.
A grana fez muita diferença no seu processo no automobilismo comparado com alguém sem esse dinheiro todo? 
Fez, né? O automobilismo é muito movido a grana. Se você tem equipamento bom, faz diferença. Eu tive essa condição, mas corri atrás porque meu pai não dava nada de mão beijada. Logicamente ele me abriu várias portas, mas, quando passei pra Fórmula Ford, fui atrás, fiz apresentação em empresa, consegui patrocínio. Claro que com as portas que ele me abriu, com o Pão de Açúcar, facilitou a história toda.
O que seus irmãos achavam disso? 
A gente nunca conversou muito sobre isso, mas eu sentia que principalmente o João tinha certo incômodo, do tipo “esse moleque não faz nada, só fica brincando de correr de carro”. Acho que meu pai sempre pensava que era meio brincadeira, mas via que eu estava mais focado, então apoiava. Mas, quando falei que ia morar na Inglaterra para correr, aí ele não gostou. “E faculdade? Vai ficar brincando desse negócio pra sempre?” Ele não achou graça e foi dificultando as coisas.
Como? 
Não me dava muita grana, tive que ir lá, garimpar uma equipe. Depois de seis meses eu estava vivendo numa bibocazinha, totalmente diferente do que eu tinha aqui, na mordomia da casa da mãe, com empregado. Mas foi muito legal porque tive que aprender a me virar. Eu tava com 19, 20 anos. Arranjei a equipe sozinho, aprendi inglês, que eu não sabia.
E como foi esse começo de carreira? 
Meu sonho era correr na Fórmula 1. Mas na Inglaterra era difícil, porque eu saí daqui sem grandes resultados. Nos primeiros meses, meu pai não queria que eu fosse, mas depois viu que eu ia ficar e começou a ajudar mais. Mudei para um lugar mais bacana, comprei um carro. Mas foi ficando pesado porque eu vi que não tinha aquele talento natural que eu imaginava. Isso era foda, porque um moleque de 20 anos se acha super-herói. E nessas categorias, Fórmula 3, Fórmula 3000, foram resultados medianos.
Seu pai teve uma carreira no automobilismo, chegou a ganhar algumas corridas, como as 24 Horas de Interlagos… isso pode ter alguma relação, você queria mostrar que podia ser melhor do que ele? 
Com certeza, tinha muito o negócio de se afirmar, mas nem tanto pela ligação dele com o automobilismo. Isso foi algo curto e eu não vivi. Era mais pra falar: “Eu sou legal, olha o que eu sei fazer”. E era pauleira. Por mais que meu pai tivesse grana e ajudado a conseguir patrocínio, ali é você e o carro.
“Meu papel era o do playboy na Fórmula 1. Morei em mônaco, fiquei amigo do príncipe, comprei uma Ferrari e me sentia o bacanão. Mas faltava alguma coisa. Era tanto ego que não dava para curtir”
Como você foi parar na Fórmula 1? 
O dono da minha equipe de Fórmula 3000 tinha o sonho de ir para a F1. A gente foi juntando um time, o Pão de Açucar ajudou e eu consegui o patrocínio da Parmalat. Aí lançaram a Forte Corsi, e entrei na Fórmula 1 com eles. O primeiro ano foi meio maluco, não tinha estrutura, uma bagunça. No segundo ano fui para uma equipe mais estruturada, a Ligier. Aí começou a ficar mais legal a brincadeira. Eu era bom em pista muito rápida, mas acho que isso tinha mais a ver com inconsequência.
Você não tinha medo? 
Eu queria tanto provar alguma coisa, que era meio inconsequente. Era o kamikaze, largava em 16º e na primeira volta estava em sexto. Numa dessas, em Silverstone, tava um puta vento, numa curva rápida meu carro rodou, voou na zebra e bateu de ré no muro. Uma puta porrada. Meu banco foi para dentro do tanque de combustível. A cabeça foi para a frente, quebrei a quinta vértebra, podia estar paralítico. Graças a Deus... o chefe aí em cima não deixou. Isso foi no primeiro ano de Fórmula 3. Fiquei quatro meses parado.
Você sofreu outros acidentes? 
Na Fórmula 1 tive uns acidentes pesados. Um na Argentina, quando reabasteci. Não sei o que aconteceu, a boca de combustível ficou aberta e na primeira freada a gasolina pegou no freio, que fica incandescente, e o carro virou uma bola de fogo. Eu sempre tive na cabeça que eu estava protegido. Pensei: “Caramba, tinha tanta certeza de que não ia morrer, agora vou morrer aqui!?”. O fogo envolveu tudo, não via mais nada. Saí do carro sem tirar o volante, até hoje não sei como fiz isso. Graças a Deus não aconteceu nada. E tive outro, em Nürburgring: capotei na largada a uns 200 por hora, e o carro caiu de ponta-cabeça. Dei uma puta sorte, tinha fogo também. Novamente o chefe lá em cima me protegeu.
Arquivo Pessoal
durante a cerimônia de casamento com a atriz Tatiane Floresti
durante a cerimônia de casamento com a atriz Tatiane Floresti
Como era o lado que todos imaginam, da mulherada, do glamour na Fórmula 1? era como as pessoas fantasiam? 
É legal pra cacete. Quando você chega nos lugares é tratado como um rei. Em toda cidade aonde o circo ia, tinha mordomia, todo mundo bajulando, foi bem divertido. Por outro lado era tenso, tem muito interesse. Muita gente com muita grana e fama, pessoas com um ego enorme, disputavam quem ia sentar à mesa do príncipe de Mônaco no jantar, essas coisas.
Qual era o seu personagem nesse teatro? 
No início eu tinha 25 anos, dei uma deslumbrada. As pessoas vêm pedir autógrafo, você começa a se achar. Sempre tive namoradas bonitas. Todo mundo ficava falando da namorada do Pedro Paulo Diniz, isso aparecia nas revistas. Então meu papel era o de playboy da Fórmula 1. E, por isso, eu circulava num ambiente ainda mais elevado do que o que eu deveria estar. Morei em Mônaco oito anos, acabei ficando amigo do príncipe, circulava nesse mundinho de glamour mesmo. No começo você entra no jogo, acha legal, se sente o bacanão. Você se acha fodão por comprar uma Ferrari com desconto, circular em Mônaco com ela. Mas faltava alguma coisa. No primeiro dia é como criança com brinquedo novo, depois enjoa. E não preenche nada.
Sobre isso, qual foi a coisa mais incrível que você se lembra, dessas de playboy internacional? 
Acontecia o tempo todo. No GP de Mônaco tinha as festas com o príncipe, no palácio. Em Saint-Tropez, o glamour do glamour, eu chegava na boate e tiravam as pessoas da mesa para o monsieur Diniz sentar. Tinha milionários do mundo todo, outros pilotos… Faço aniversário no mesmo dia que Naomi Campbell. Então a gente fazia três festas em Saint-Tropez, as festas de Naomi Campbell e Pedro Paulo Diniz. Era a maior palhaçada da Terra. Mas era interessante. Experiências que foram válidas para ver o máximo daquilo que a sociedade entende como glamour.
E o assédio da mulherada? 
Eu era mais de namorar, mas curti bastante as fases de solteiro. Foram agitadas e divertidas. Teve uma vez que veio um time de russas, junto com um milionário de lá. Eu me achando o galã e no final apresentaram a conta! [Risos]
Qual a coisa mais maluca que você comprou na época? 
A Ferrari, o objeto me fascinava. Mônaco é complicado, você entra na onda morando lá. Se você não tivesse uma Ferrari, era um zé-ninguém [risos].
Quanto você ganhava? 
Ganhava US$ 2,5 milhões por ano. Uma grana alta pra qualquer um, imagine para um moleque de 25 anos. E morando lá, uma puta vida boa.
Como foi seu final de carreira na Fórmula 1?Em 1999 eu estava correndo na Sauber, o melhor carro que tive. Mas eu estava com 29 anos, me via em situações que eu já não curtia tanto. Mesmo as festas e o glamour, eu já estava achando tudo meio sem graça, vazio. Foi perdendo o encanto. Daí em 2000 apareceu essa história de ficar sócio do Alain Prost, deixei de ser piloto pra ser dono de equipe. Foram dois anos difíceis... e era o primeiro negócio da minha vida, tive o incentivo do meu pai, a gente analisou junto, ele achou legal. Mas foi frustrante... O Prost é muito difícil, não escutava ninguém. Foi assim que saí da Fórmula 1.
Como você saiu dessa sensação de fracasso e voltou a trabalhar? 
Voltei com o rabo entre as pernas, não sabia muito o que fazer. Aí a Fórmula Renault estava entrando no Brasil e pediram minha ajuda. Fechei um contrato legal de cinco anos pra implantar o negócio aqui. Chegamos a ter 50 funcionários, nos dois primeiros anos me deu prazer. Mas comecei a questionar o que eu queria mesmo. Comecei a entender e procurar outras coisas na vida. Foi quando comecei a fazer ioga.
Quem levou você para a ioga? 
A Fernanda Lima, que é minha amiga. Nos tempos de modelo dela em Milão a gente deu umas saídas, namorou um pouquinho. Quando voltei, mantivemos contato. Um dia ela me falou da ioga, me deu o endereço, fui e começou a fazer sentido. Comecei a conviver com um pessoal bem diferente do que eu tava acostumado. Eu estava procurando pessoas que estivessem fora desse mundo superficial em que eu vivi muito tempo. Gente mais normal, com interesses mais reais. E encontrei nesse grupo.
E o que mudou exatamente? 
Eu desempenhava vários papéis, o Pedro promotor de eventos, o que atuava no Pão de Açúcar. E me via perdido. A grande mudança foi entender quem eu era e do que realmente gostava, e que eu podia ser o mesmo em qualquer lugar. Isso é tão bom! E conheci a Tati nesse meio-tempo, e ela, entre outras qualidades, é uma pessoa muito espiritualizada. A gente teve o Pedrinho. Quando tive o primeiro filho foi uma grande mudança na minha vida. Eu vinha nessa procura, pedia a Deus para me mostrar aonde eu precisava ir. E, no ano em que a Tati ficou grávida do Pedrinho, vi aquele filme do Al Gore, Uma verdade inconveniente. Aquilo mexeu muito comigo. Caramba, estou colocando um filho no mundo e o mundo está detonado. Como esse moleque vai viver lá na frente?
Em 2008, esse grupo de ioga teve problemas com um episódio em que 12 pessoas foram internadas com desidratação profunda, diarreia e confusão mental atribuídas à ingestão de doses cavalares de líquidos durante um retiro. O caso chegou à mídia envolvendo também insinuações de assédio sexual... Como você vê esse seu período no grupo? 
Pratico um tipo de ioga bem rígido, você transpira pra cacete. E o mestre, o Cristóvão de Oliveira, mantinha a linha durona, muita disciplina. A galera toda era muito caxias. Cheguei a fazer retiro de dez dias sem falar, fazendo procedimentos de limpeza do organismo. E essas polêmicas com o Cristóvão aconteceram depois. Quando o conheci, em 2003, ele era muito sério, fazia na própria vida o que pregava. Depois vieram as polêmicas... Não participei muito dessa época. Já estava fora. Mas o importante é que a ioga me centra, é meu remedinho tarja preta diário e sou grato pelos ensinamentos que recebi.
Você vivia uma certa duplicidade. Descobrindo toda essa simplicidade de um lado mas andando de avião particular. Não dava uma confusão? 
Trabalhei bastante isso na minha cabeça. O chefe lá de cima deu isso a você. Eu ganhei de nascer nessa família, com todos os prós e contras. Já tive essas encanações, mas quando percebi que o Pedro podia e tinha que ser o Pedro em qualquer lugar, liguei o foda-se. Ando com segurança, sou acionista do Pão de Açúcar, são partes da minha vida. Fazer ioga de manhã e depois pegar o avião particular pro Caribe era a minha realidade, não posso negar.
Você sempre namorou modelos e atrizes famosas. Como se encantou pela Tati, uma atriz iniciante, de família simples, de um mundo diferente do seu? 
Eu vivia naquele padrão, tendo como referência as modelos, mulheres exuberantes e ligadas em exposição. Era meu mundo na época. Demorou um pouco pra cair a ficha e para eu perceber que tinha algo muito mais forte e especial com a Tati, que ela também era bonita mas que com ela era muito mais legal o papo, a troca física, tudo muito mais intenso.
Como ela lidou com a entrada para esse clã? 
Muito bem. A gente não estava nem namorando direito e chamei ela para uma viagem. Ela entrou num avião particular com toda minha família, e fomos para um barco enorme na Croácia. A Tati não sabia nem se tinha roupa para a situação, mas desde o primeiro dia optou por ser ela mesma e o resto ficou fácil, ela se virou superbem.
E pra você entrar na família dela? 
Uma troca muito legal. É uma realidade muito diferente, tanto de bens materiais como de estilos de vida. No Natal tem a festa da tia Eliete, que é num sitiozinho num condomínio, com uma piscininha, o pessoal toma cerveja, come um churrasquinho, ouve um sambinha, coisa muito simples, que no começo eu não entendia muito, mas hoje dou grande valor
Onde você vive hoje? 
Depois do primeiro filho tivemos a Catarina. Em 2005, 2006, com esse acordo que meu pai fez no Pão de Açúcar, a gente resolveu fazer um escritório da família separado da empresa e fui escolhido para administrá-lo. E dentre os bens estava essa fazenda. Comecei a cuidar dela e pensei em fazer algo sustentável aqui. Descobri que existe agricultura orgânica, que planta sem aditivo químico e ainda preserva o ambiente. Comecei a estruturar um projeto, e isso cresceu. Daí a gente pensou que, em vez de passar um dia na semana, pudesse morar aqui. Já são dois anos e meio.
“Eu estava procurando gente que tivesse fora do mundo superficial em que eu vivi por tanto tempo. Gente normal, com interesses reais”
E como foi isso na sua família? 
Tive uma conversa não muito fácil com meu pai. Falei que estava pensando em sair de São Paulo, comprar metade da parte da família na fazenda. Ele não entendeu muito bem, achou que eu não ia conseguir morar aqui.
Nino Andrés
Pedro Paulo DIniz
Pedro Paulo Diniz
Como está sendo essa experiência? 
É tudo muito novo e instigante. É interessante aprender como são os processos da natureza e como replicar isso para criar um alimento mais saudável. Fora os outros benefícios, poder criar meus filhos na fazenda. E o fator humano também é crítico, precisa trabalhar as pessoas, instaurar uma nova cultura dentro desse pequeno núcleo, nessa pequena comunidade. Criar um pensamento diferente, produzir sem destruir.
Como você definiria o seu projeto? 
Desde o começo vi que tinha uma carência de produção orgânica estruturada no Brasil. A ideia é estruturar, ser um produtor em maior escala, diversificado. A gente produz leite, ovos, frutas orgânicas, e pra isso precisa ter outros insumos, milho, soja eventualmente para dar de ração. Transformar toda a propriedade num organismo que se autoalimente. Além disso, criamos um núcleo de processamento desses alimentos. Processa o leite, vende como queijo, iogurte.
É um laboratório para uma produção em larga escala para o Pão de Açúcar? 
A gente já faz produtos para a marca própria do Pão de Açúcar, Taeq. E em breve vai lançar a marca Fazenda da Toca, de orgânicos. O legal de ser em larga escala é que democratiza o alimento orgânico. Na Alemanha, o produto orgânico custa 15% a mais que o convencional. Pouco mais caro. Aqui no Brasil é o dobro.
E como você se imagina com 60 anos? Me imagino aqui. A vida fora de grandes centros faz muito sentido pra nós, a gente não sente falta. Talvez de um cinema [risos]. Mas pesando os prós e contras, um cinema só pesa muito pouco.
Você está mais ou menos há uns dez anos sem dar entrevista. Por que aceitou agora? 
Eu me protegi por um tempo, quis desaparecer, para ficar tranquilo, viver a vida sem me sentir muito invadido. Minha técnica para ter menos isso foi tentar sumir da mídia, não me preenchia em nada, não me deixava feliz me ver na revista. Foi muito fácil. Mas primeiro acho o trabalho daTrip muito legal. E você falou deste tema, Anonimato, que poderia até motivar os outros a pensar nisso. Achei que não feria meu princípio de não aparecer. Hoje eu vou ao shopping e ninguém me reconhece! Funcionou! E isso não vai fazer mudar.

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